Humanização das Relações Humanas.

"As vezes é preciso esquecer as regras e os números e se concentrar nas pessoas" ( O Terminal,2004)

Outro dia refletindo o processo de interação entre as pessoas, relacionamentos humanos, percebi como existem pessoas desumanas. Não, não não estamos falando de índices maldade especificamente. Mas de como existem pessoas incapazes de pensar por si próprias quando a situação exige tomada de decisões. Aquela secretária que recebe ordens de NÃO deixar ninguém entrar, e segue tão a risca as instruções a ponto de nem se fazer necessária sua presença. Coloquemos um robô em seu lugar, o programamos e  ninguém passará. Pessoas que só sabem repetir ordens que foram dadas e não conseguem sequer explicar com palavras diferentes daquelas que lhe foram ditas seriam melhor definidas como máquinas do que como seres humanos. A capacidade de reflexão,compreensão e análise de diferentes variáveis é o que torna e permite encaixar as pessoas num categoria humana. Simples assim. Se você não é capaz de julgar variáveis diversas que não estejam pré-programas, talvez você só esteja exercendo aquela função por falta de recursos financeiros para a compra de um robô com gravador embutido. Seu salário (mínimo que seja) não se justifica.
Existe um livro chamado "O ócio criativo" onde o professor Domenico de Masi, trata didáticamente deste assunto, defendendo a ideia de "liberação do cérebro". Como assim? Na fase que estamos, denominada  Era do conhecimento (denominação de alguns outros autores) ou sociedade pós industrial ( expressão utilizada por Domenico) há a tendência de que o trabalho repetitivo seja ele físico ou intelectual seja  cada vez mais realizado por máquinas. E ao homem, no trabalho ou no ócio, restem as atividades criativas. A principal caracteristica dessa atividade é que ela não se distiguiria do jogo e do aprendizado, ficando difícil separar estas três dimensões. Assim o autor nos propõe que o ocorre atualmente é a passagem da atividade física para a intelectual, da intelectual do tipo repetitivo para a intelectual criativa. 
Se refletirmos bem, estas são mudanças extraordinárias, todas elas decorrentes da compensação de nossos defeitos. Para corroborar sua tese Domenico cita os estudos de Rita Levi em L'elogio dell imperfezione (o elógio da imperfeição)

" Tìnhamos um olfato fraco, portanto não podíamos perseguir a caça farejando a terra, como fazem os animais,mas tínhamos que avista-la; para isto deveríamos caminhar em pé já que a caça frequentemente fugia, desaparecendo na vegetação. Isto fez com que se tenham salvado somente aqueles individuos da nossa espécie que se tornaram mais aptos a caminharem eretos. 
Como caminhar reto implicava em passar a dispor dos dois membros superiores - que já não eram usados para caminhar- nos liberamos e especializamos as mãos, usando-as para compensar um outro ponto fraco: nossa mandíbula, já que o homem não tinha habilidade para agarrar a presa e esquarteja-la. (...) Surgem os primeiros instrumentos e utensílios"

O que podemos deduzir deste pequeno trecho é que Levi (e Domenico) defende a ideia de que são nossas imperfeições que forçaram-nos a evoluir. O homem, não era o animal mais forte, nem o mais rápido da natureza e para sobreviver precisou se destacar desenvolvendo outro orgão: o cerébro. 
Na humilde opinião da autora deste blog (se é que importa) a capacidade de julgar variáveis e situações não pré-determinadas é o que diferencia o homem de uma máquina. Dizer "não" porque ordens foram dadas, sem humanizar esta relação e compreender os fatores implícitos em cada caso é apenas reproduzir um trabalho que poderia ser feito por um robô com a programação correta. Regras são boas para organização mas se a sociedade dependesse apenas delas, o "Direito" como disciplina, não teria razão de existir. 

A guerra dever ser em função da paz
A atividade em função do Ócio
As coisas necessárias e úteis em função das belas.
                             Aristóteles

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