Expectativas

Não é possível se decepcionar quando não há expectativas. As vezes o que vemos de longe pode parecer mais bonito ou perfeito, do que é na realidade. Este é meu consolo para aceitar hoje coisas (ou pessoas) que passaram pela minha vida e não voltarão. Em geral as pessoas precisam de boas lembranças para manter a fé, eu só preciso de lembranças. Sou dependente de realidade, e mesmo quando fantasio que tudo poderia ser perfeito ao meu modo utópico, não consigo perder a lógica e o óbvio de vista. Não são os outros que nos decepcionam, somos nos mesmos que nos frustramos frente à nossas expectativas, por esperar o que eles não tem a nos oferecer. E assumir esta co-responsabilidade não nos torna mais felizes, mas nos faz mais racionais. Não quero enveredar por um discurso maniqueísta, onde tudo se resuma a bom ou mal, tal qual uma novela mexicana. Essa forma de encarar a realidade é apenas uma perspectiva ou abordagem diferenciada, em preto e branco talvez, quase alternativa se quiser definir assim, mas esperar que te dêem algo que não tem, é como um meliante assaltando um desempregado. 
Não suponha que as pessoas tenham algo a lhe oferecer, o melhor a fazer é não supor nada. Se uma teoria tiver que ser elaborada_eu sugiro não perder tempo elaborando alguma, mas se tiver_que ela seja a mais pessimista possível. Só na saia contando por aí o que estou dizendo neste post, pois ninguém gosta de pessoas pessimistas (é um contrato social implícito). A sociedade os rejeita, por serem egoístas em não querer oferecer esperanças, mas são necessários ao sistema. Só a luz porque a há trevas, só há os bons se existirem os maus.  Mas caro leitor, vamos deixar um ponto claro: não sou psicóloga mas entendo que o papel da expectativa é importante para buscar crescimento em nossa vida, principalmente em questões profissionais, caso contrário não trabalharíamos esperando uma promoção.  
Eu acho a expectativa necessária. Não podemos zerar o seu valor (como veremos na equação a seguir), mas que seja na medida certa, preferencialmente só no campo profissional. Numa análise cognitiva, eu considero que o comportamento e o desempenho de cada um são resultados de uma escolha consciente,que pode ou não depender das expectativas individuais. Aí você pergunta: Mas Tati, se eu não tiver expectativas eu não terei esperanças nem motivação, e serei uma pessoa eternamente infeliz com Sindrome de Malcom (mal-comida) como você? Calma, não é bem assim, meu leitor afoito. Embora eu não sirva de exemplo a ninguém, a motivação (mesmo pra viver) não depende só de expectativas. Na verdade, é uma equação. Segundo o psicólogo Victor Vroom (vamos usar esse porque eu não gosto da teoria motivacional de Maslow, embora seja bem mais popular na minha área) motivação é uma equação: 
Motivação = f (expectativa X instrumentalidade X valência), onde: 
Expectativa é a probabilidade de uma determinada ação produzir os efeitos desejados. 
Instrumentalidade é a capacidade de percepção de que determinado desempenho levará a certa recompensa.
Valência é o valor que cada um atribui as consequências obtidas pelo seu desempenho individual.

Então caro leitor podemos nos manter motivados com valores de expectativa baixos ou próximos de zero, trabalhando conscientemente para aumentar os valores da instrumentalidade e valência que compensem na equação. Desta forma podemos analisar com mais consistência e senso crítico como nos comportamos ao esperar que outros nos dêem o que não tem para oferecer. Capicce? 

A decepção é a filha da expectativa. Mate a mãe! (frase de caminhão adaptado pela autora deste blog) 

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