Os viajantes da vida.

Sou muita abençoada por ter pessoas tão boas cruzando meu caminho. A maioria está de passagem porque são viajantes e nos cruzamos pelas esquinas da vida. São como professores pra mim, cada um com uma história diferente pra contar, com bagagens recheadas de novos horizontes. Eu costumo abrir um largo sorriso às pessoas me ensinam a ver por ângulos os quais eu não estou acostumada. Aprender a mudar o modo de olhar,por si só, já é uma grande mudança e que exige um enorme exercício de reflexão, e nem todo mundo está preparado para fazer esta busca dentro de si. Vamos mudar o foco, vamos mudar a direção a qual estamos acostumados a olhar. Isso pode doer como um torcicolo para quem esta há muito tempo sem praticar mas eu garanto que compensa. 
Viaje. Saia. Interaja. Conheça. Experimente. Compreenda. Quebre preconceitos. Supere seus limites. Expanda seus horizontes. E volte. Volte uma pessoa melhor. Mais sábia. Mais aberta. Mais pacifista. Mais produtiva. Mais saudável. Como deveria ser nossa sociedade. 
Eu ainda estou num processo de modelagem. Não pronta, mas já não crua. Aprendendo de forma consciente e não se deixando moldar ao vento. E se engana quem pensa que a vida pode ser vivida só de ouvir estórias e aprender com elas. Não há nada mais mesquinho do que querer receber sem ter nada a oferecer. A (con)vivência deve ser uma troca, não por obrigação mas pela compreensão de que  "teoria e prática" são parte do mesmo exercício: o exercício de viver plenamente. 
Ao final, acredito que tudo perpassa por uma questão de segurança. Segurança em si e na sua capacidade de aprendizado. Só é preciso estar disposto a aceitar convites para visitar a sacada alheia: vivemos todos no mesmo prédio mas em andares distintos que nós dá uma visão de mundo diferente dependendo do apartamento do qual se olha. Os apartamentos do primeiro andar nos permitem uma vista mais próxima e detalhada da paisagem mas não uma visão geral do que nos cerca. Os apartamentos da cobertura, nos dão um horizonte mais amplo mas não permitem analisar os detalhes. Não fique preso a seu apartamento, deixe a porta aberta e convide seus vizinhos a ver o que você vê, para que possa ser convidado também a circular pelo prédio. 
É importante querer conhecer as experiências alheias, e aprender com elas mas também estar disposto a ter suas próprias experiências e cicatrizes, como parte de um acordo não verbal, não formal mas simbólico. Uma troca! 
Talvez seja puro idealismo, mas acredito que de alguma forma as pessoas que viajam muito ajudam a tornar o mundo melhor, adquirindo consciência do que acontece no planeta e também consigo mesmo. As pessoas por trás dos viajantes e mochileiros que conhecemos, ao menos, parecem ter se tornado pessoas melhores, mais cidadãs, com mais garra e iniciativa e bem mais preparadas profissionalmente. Ok, é o meu momento utopia, o momento viagem na cachola em frente ao monitor, mas a experiência que eu tive ao lado destas pessoas me marcou profundamente com esta impressão.
Para mudar, o primeiro passo é reconhecer que a mudança é necessária, ainda que não se saiba exatamente qual e nem como faze-la. Podemos começar devagar, redecorando, tentando uma nova combinação de móveis dentro do nosso apartamento, tornando-os mais confortáveis, atrativos e convidativos. Mudar, pode ser finalidade e meio em si próprio, e pra começar basta querer. 

Comentários

Postagens mais visitadas