Diferenças de culturas

Já falei em posts anteriores sobre algumas das viagens que já fiz nesta longa caminhada chamada vida. E outras virão. Muitas outras, assim espero. Viajar é uma fonte de conhecimentos. Capitais de países que aprendi só nos livros nem sempre estão disponíveis no recurso da memória. Mas dos lugares que conheci pessoalmente, destes me lembro nomes de ruas, pessoas, comidas,cheiros, sabores...Viajar foi um recurso que aprendi a valorizar como uma grande experiência de vida. Aprender a se virar sozinha onde os hábitos, culturas e a língua são diferentes é uma experiência capaz de amadurecer até o mais verde dos espíritos. Mas é preciso boa vontade pra isso. É preciso reconhecer o valor da experiência: observar, ouvir,sentir, experimentar o novo sem medo. Entregar-se sem as amarras de nossos (pre)-conceitos ou do receio de errar. 
Ontem quando fui ao banco, lembrei de uma experiência que tive quando viajava pela Espanha. Enquanto aguardava atendimento no banco lotado, com o ar condicionado quebrado e atrasada para aula, observo a minha volta e noto que na fila do caixa preferencial aproximou-se  uma senhora de cabelos brancos, rugas nos rostos e corpo curvado pelo peso do tempo. Ela demorou-se a puxar da bolsa roída de traças o cartão e um par de óculos, o que aborreceu os outros clientes do caixa preferencial também pessoas mais idosas. Observei a cena curiosa quando uma discussão entre os 'sêniors' começou. Um senhor por volta dos seus 70 anos, reclama da demora e passa a frente na fila de atendimento normal (não-preferencial) o que causou uma troca de olhares e um certo constrangimento entre todos, mas ninguém ousou reclamar. Apesar dos pensamentos estarem quase audíveis no ambiente. Isso lembrou-me da minha viagem.
Lembro quando notei que pelas bandas da Espanha não há atendimento preferencial ( nem a idoso, gestantes ou deficientes) e achei estranho. Nas filas de supermercado, por exemplo, não existem caixas preferenciais. Mais tarde, refletindo, vi que fazia certo sentido, já que a pirâmide etária da Europa é invertida, ou seja, a população idosa é bem maior que a população jovem. Os caixas preferencias para idosos, provavelmente seriam sempre os mais lotados, e dar atendimento preferencial para a maioria da população não parece algo lógico. Não existe nenhuma política de atendimento diferenciado à pessoas em situações diferenciadas. São todos iguais independentemente da deficiência, do mês de gestação ou da idade. Estranho? Sim, mas naquele momento na fila do caixa no banco, me deu uma grande vontade de estar na Espanha e soltar algumas cobras e lagartos pra aquele senhor. O suor escorrendo do rosto para dentro da blusa me fez esquecer a raiva do momento. Droga de ar-condicionado! 

Comentários

Postagens mais visitadas