31 semanas da Eleonora

Vamos lá. Eu sobrevivi! Cheguei a 31 semanas de gravidez (início do 8° mês). Entre trancos e barrancos eu cheguei aqui e começo agora a me habituar com a minha situação gravídica. As pessoas costumam dizer que o terceiro trimestre é dificil mas pra mim ele tá sendo um paraíso se comparado ao primeiro e ao segundo. Eu ainda tenho vomitado mas muito raramente. E continuo com os remédios pra enjoo. Fiquei com trauma de vômitos. 
Hoje me pesei e estou com 56,5 kg. Ainda não consegui, sequer, recuperar meu peso no início da gravidez. A minha parteira (sim, na Suécia são parteiras - enfermeiras obstétricas que cuidam do parto e da gravidez) acha que eu preciso ganhar peso. Mas com a comida sueca, que eu odeio, isso é difícil. Desde que voltamos do Brasil tenho me esforçado ao menos pra não deixar o peso despencar de novo. No Brasil consegui ganhar 4 kg em apenas 3 semanas comendo tudo o que eu gosto e que saudade eu estava das comidas regionais. Essa é a parte mais difícil de se viver longe do seu país. Esqueçam quando disserem que a saudade da família dói, dos amigos, do trabalho...o que dói mesmo é saudade da comida. E é uma dor profundamente sentida. Odeio quando amigos postam fotos  na rede social de comidas que eu só posso lembrar o sabor e eu fico pras bandas daqui chupando o dedo.
Jan e eu (+ eu do que ele) decidimos que Eleonora dormirá no nosso quarto enquanto for pequena, apesar de termos dois quartos extras e desocupados na casa. Depois de ler e pesquisar um pouco cheguei a conclusão de que seria muito cansativo levantar muitas vezes no meio da noite para amamentar e ainda ter que ir a outro quarto. E sobre amamentação fiquei muito surpresa quando minha parteira me perguntou se eu gostaria de amamentar. Ok...eu nunca tinha pensado sobre isso como uma opção e sim uma obrigação. Me perguntar "se eu quero" foi quase um choque. Mas na Suécia mulheres têm direitos, mesmo aquelas que são mães. Ninguém vai sacrificar uma mulher que se recuse a amamentar. O mesmo passou quando eu engravidei. A primeira coisa que a enfermeira me perguntou depois de ler meu teste positivo, foi se eu gostaria de ter esta criança. (Aborto aqui é legal é um processo bem simples. Basta a mulher dizer que não quer). Eu não imagino alguém num serviço de saúde no Brasil me fazendo perguntas como essas. 
Eu sempre quis ser mãe e achava que daria uma grande mãe (modéstia a parte) mas depois dos primeiros meses de gravidez todas as certezas que eu tinha foram por água abaixo. Eu questionava minhas habilidades pra cuidar de outra vida e ate
até minha sanidade psicológica. Me peguei pensando em coisas que eu nunca tinha feito e fiquei com medo de nunca mais fazer ("meu Deus, eu nunca sambei na Sapucaí, eu não escalei uma montanha e nem sequer conheço a Tailândia" ) Bateu um medo de nunca mais consegui fazer o que eu queria. Levou 8 meses de gravidez pra eu me habituar com a ideia de que é possível fazer tudo isso mesmo com uma criança. Talvez a logística seja diferente mas acho que seria possível. Meu esposo me dá e me deu muito apoio nos meus momentos de crise existencialista. Ele é um homem muito otimista e bem diferente de mim. Pra ele, dá pra escalar até o monte Everest com a Eleonora no colo de fraldas. Eu não tenho dúvida de que ele será um pai excepcional. 
Voltando a falar desta gravidez, é a primeira vez que as coisas se acalmam e eu não tenho nenhum piripaque nervoso ou de saúde. É bom ter um pouco de paz no meio deste turbilhão de novos acontecimentos. Eu continuo indo para as aulas de sueco mesmo com a barriga maior a cada dia mas confesso que ficar sentada tem sido bem incômodo. Sinto uma pontada nas costelas e falta de ar. Sou obrigada a ficar rebolando na cadeira testando a bunda em diferentes posições para diminuir o incômodo. Mas tirando isso, eu me sinto até mais disposta. Voltei a conseguir entrar na cozinha e preparar minha própria comida (para alívio do marido). 
Tem dias mais fáceis e dias mais difíceis mas em geral tem sido dias tranquilos. Falta pouco mais de dois meses pra está gravidez acabar e espero que não mude muita coisa até o final. Eu volto para escrever mais a respeito.  

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