Pesquisas revelam que pesquisas não revelam tanto assim

Não se passa um só dia neste planeta sem que uma pesquisa contradiga outra. Tudo é muito relativo, e há de se levar em consideração muitos fatores ao analisar a consistência dos dados apresentados: data de realização da pesquisa, faixa etária, região analisada, metodologia, a credibilidade do instituto ou empresa que realizou a pesquisa entre outros inúmeros fatores. Alguns resultados podem simplesmente não influenciar muito nas nossas vida (independente de ovo fazer bem ou mal pra saúde, eu pelo menos não vou deixar de comer o meu no café da manhã) mas quando se trata de certos assuntos, saber se os resultados são confiáveis ou não pode mudar o rumo de políticas públicas, como é caso das pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Os dados acerca do desmatamento na Amazônia,por exemplo, são quase sempre confusos e dependendo do fim a que se destina a pesquisa, ela pode dizer que houve um aumento ou uma redução deste desmatamento. Lembro que em uma aula de ecologia política conversávamos sobre estas diferenças de metodologias, e no ano de 2009 houve uma distorção grande nesses dados: enquanto um dizia que havia ocorrido um aumento no desmatamento da Amazônia, outro apontava uma considerável diminuição. 
Pelo menos numa pesquisa rápida pelo google este ano, fico "feliz" em descobrir que ambos os institutos concordam que houve um aumento de 27% a 35% do desmatamento da Amazônia entre agosto de 2010 e abril de 2011. Feliz porque a coerência dos dados permitirá traçar estratégias mais adequadas para combater este problema. Essa diferença nos dados pode ser explicada pela utilização de sistemas de monitoramento independentes. Enquanto o INPE utiliza o modelo DETER ( Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real) que considera no seu cálculo áreas degradadas, mas com árvores em pé. O IMAZON utiliza o SAD (Sistema de Alerta do Desmatamento) que soma só as áreas em que a cobertura florestal foi totalmente removida.
Metolodologias diferentes podem explicar resultados diferentes, e embora esse ano, no exemplo dado acima tenham chegado a um consenso, por várias vezes já houve distorções muito grandes para ser ignoradas nesses dados. Não haveremos simplesmente de desqualificar uma ou outra metodologia, independente da pesquisa, mas é importante o uso do senso crítico e dessa análise mais cuidadosa ao apresentar ou utilizar esses dados ao defender uma ideia. Embora eu trate neste post de uma questão mais científica o mesmo princípio pode e dever utilizado em nossa vida. Você pode defender um ponto de vista mas saiba que outras pessoas podem ler aquele mesmo objeto e chegar a resultados totalmente diferentes do seus sem necessariamente estar errado. Tudo é uma questão das variáveis com que se escolhe trabalhar e como se trabalha. Fica a dica. 

Toda Unanimidade é burra - Nelson Rodrigues. 

Comentários

Postagens mais visitadas